Levantamento aponta queda de 14,9% em ICMS do Turismo durante pandemia

Últimas Notícias
Abril foi o mês com menor arrecadação para o setor, com 61,4% a menos na receita

O boletim especial do Turismo x Coronavírus, realizado pelo Observatório do Turismo do Estado de Goiás, revelou que, entre os meses de janeiro a abril de 2020, houve uma queda na arrecadação de ICMS deste setor em 14,9%. Este quadrimestre, em 2019,obteve uma arrecadação de R$48.746.752,99. Já em 2020, o mesmo período rendeu um faturamento de R$ 42.413.074,56 para o setor.

Os dados mostraram que abril foi o pior mês para o ramo turístico no período de pandemia, com uma queda de 61,4% na receita em relação ao mesmo mês do ano passado. Em 2019, o seguimento arrecadou R$ 10.921.768,90. Já em 2020, o faturamento foi de R$ 4.212.646,97.

Das regiões turísticas do Estado, apenas o Vale do Araguaia e Águas Quentes subiram a receita em relação a 2019, faturando 14% e 5,9%, respectivamente. Já o Vale da Serra da Mesa foi o mais afetado pela pandemia, perdendo 48,7% da arrecadação, seguido de Estrada de Ferro (47,9%), Lagos do Paranaíba (40,8%) e Chapada dos Veadeiros (39,5%).

Setor empresarial
Levantamento do Observatório , com intenção de reunir dados sobre os impactos do coronavírus no setor turístico até junho, constatou que 13,2% das empresas do ramo fecharam as portas no Estado. Desde o mês de março, quando a pandemia teve seus primeiros registros no Brasil, os prejuízos financeiros começaram a ser sentidos entre a maioria dos empresários do turismo.

Dentre os entrevistados pelo Observatório, apenas 3,3% afirmam que a pandemia não afetou o faturamento da empresa no mês de março. Para 19,8% a crise sanitária impactou em 100% no faturamento já neste primeiro mês. Abril foi considerado o pior dos meses para as empresas de turismo. De acordo com 68,1% dos empresários, a Covid-19 afetou 100% do faturamento das empresas, enquanto apenas 1,1% disse não sentir impacto algum.

Em maio, a maioria também sofreu com a Covid-19. Dentre eles, 65,9% disseram ter tido a arrecadação abalada pela doença. Em junho, o faturamento foi completamente afetado em 57,1% dos estabelecimentos.

O Observatório também estudou as medidas que as empresas ligadas ao setor turístico tomaram para sobreviver. 26,4% decidiu reduzir os preços, já 47,3% afirmou ter realizado demissões durante este período. A maioria (45,1%) teve de paralisar suas atividades; 22% aderiu ao home office, enquanto 19,8% continuou trabalhando normalmente.

Um outro ponto levantado pelo estudo foi sobre a previsão de retorno do nível de faturamentos similares ao período anterior ao coronavírus. Aqueles que acreditam que a recuperação só ocorrerá em 2021 somaram 46,2% dos entrevistados. Outros 15,4% disseram que somente após o ano de 2021 que os negócios retomarão o fôlego. Apenas 12,1% dos empresários do ramo turístico acredita que o segundo semestre de 2020 será de recuperação.

Das medidas de mitigação usadas pelas empresas para amenizar os impactos da pandemia, 46,8% decidiu por alterar o quadro de funcionários; 39,2% adiou investimentos em novos projetos; 19% buscou financiamentos ou empréstimos bancários.

Para 53,2%, entre as medidas do governo que estão sendo de fundamental importância para suas empresas, a mais importante é a redução nos tributos federais. 50,6% consideram os empréstimos essenciais para a continuidade dos negócios; 49,4% acreditam que é a redução nos tributos estaduais que irá ajudar e, essa mesma proporção, acredita que são os impostos municipais.

Setor hoteleiro
De acordo com Fernando Carlos Pereira, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis (Abih), o seguimento hoteleiro ficou durante todo período de pandemia do primeiro semestre em torno de 90% fechado.

“A ocupação foi muito baixa, até porque não tínhamos como receber e não tinha turista por conta dos decretos do Estado. Agora mais no final do semestre teve uma flexibilização em alguns municípios. Mesmo assim a taxa de ocupação permaneceu baixa. Em torno de 10% a 15%, em nível estadual. Teve uma melhora com as flexibilizações. Houve uma melhora, especialmente em Goiânia, Caldas Novas, Trindade… mas a taxa ainda é muito baixa”, avaliou.

“Quem está trabalhando, funcionando em julho já saiu do vermelho? De forma alguma. Continuam com uma dificuldade financeira muito grande, porque uma estrutura de hotel funcionando com média de 15% de ocupação é muito baixo”, acrescentou.

Fernando, que possui pousada em Trindade, lembra com tristeza o cancelamento da romaria no município. “Ninguém nunca imaginou que fosse ocorrer isso. Uma romaria de 180 anos. Antes da pandemia teve uma expectativa alta para esse ano de 2020, até pelo centenário do município de Trindade. Com a pandemia veio o ‘período de não festa’. A gente sempre chama a alta temporada de ‘período de festa’. Vivenciei alguns momentos de nostalgia no município, lamento geral”, relatou.

“A Procissão do Fogaréu, na Cidade de Goiás, as Cavalhadas de Pirenópolis… tudo isso foi paralisado no período de pandemia. Estamos vivenciando, sendo otimistas e aguardando um segundo semestre mais aquecido”, afirmou. “Visualizando o Estado de Goiás na mídia, vamos ficar no vermelho. Mas vamos buscar um controle, junto com o poder público, conscientizando as pessoas envolvidas no Turismo, incentivando para que todo mundo faça sua parte para que a coisa não piore. O seguimento hoteleiro tem seus protocolos. Seus colaboradores conscientizam suas equipes e fornecedores”, disse.

Apesar do otimismo, Fernando prefere manter as expectativas mais próximas da realidade. “Vai ser lento. Eu estava muito otimista até maio, aguardando agosto. Mas pelo cenário que vemos na mídia, pela Secretaria de Saúde (SES-GO), acompanhando nos municípios, nosso Estado, vendo a crescente contaminação de pessoas, [vejo que] chegamos no pico da curva e temos um momento muito crítico”, observou.

“Caldas Novas reabriu, claro, com todos os cuidados possíveis em todos os seguimentos. Todos estão se cuidando. Estamos vivendo o dia, não sabemos o que vai acontecer amanhã. Mas com muita fé em Deus e sendo otimistas, vamos superando juntos essas dificuldades. Por este lado estou otimista que este segundo semestre vai melhorar lentamente o cenário. A taxa de ocupação no setor hoteleiro, só em Goiânia, já aumentou um pouquinho. Se aumentou 2% ou 3%, aumentou. Não importa, vamos seguir adiante”, disse.

Fonte: Jornal Opção